Família Completa

Família Completa
Familia em 27 de dezembro de 2009

Quem sou

segunda-feira, 5 de abril de 2010

UM CASO

UM CASO

Avenor A. Montandon

Uma mulher aos prantos, pálida e descabelada, vestindo um robe e calçada de chinelos, adentrou ao hospital, carregando uma criança de pouco mais de um ano de idade, flácido e cianótico. Parecia morto, o que provocou um enorme reboliço das pessoas que aguardavam atendimento na entrada do hospital. Devia ser umas oito e meia da manhã
-Corre doutor, acho que a criança está morrendo!
Era um grave caso de obstrução respiratória alta provocada por uma doença que no momento não podia precisar se era crupe ( difteria ) ou um tipo de laringite grave.
A mãe não se continha de desespero e dor e não se convenceu de sair da sala de curativos para que a criança fosse atendida, apesar da insistência da Irmã.
-Traz a caixa de traqueotomia, falou o doutor que já examinava a criança ao mesmo tempo que interrogava a mãe.
A criança não estava morta, mas praticamente já não respirava mais.
O médico curvou a cabeça da criança para traz estendendo o frágil pescoço, abriu a caixa, calçou uma luva , e com um bisturi cortou o pescoço no lugar certo! A mãe ali do lado se estatelou no chão! A Irmã enfermeira se apavorou e quis pedir ajuda, no que foi contida pelo doutor: - Deixa ela ai mesmo, recosta a cabeça dela com este lençol, e ajuda aqui.
Em menos de um minuto a cânula traqueal foi introduzida no pequeno orifício e simultaneamente um cateter ligado ao oxigênio foi conectado.
O nenê começou a respirar e progressivamente foi ganhando a cor rosada, esperneou e chorou mudo (o ar já não passava pelas cordas vocais!).
O doutor se emocionou, não se conteve e deixou cair uma lágrima sobre o peito franzino e arfante, enquanto fazia a hemostasia da ferida.
A mãe recuperou a consciência e se levantou ajudada pela Irmã, olhou perplexa e apreensiva o pequeno, esfregou as mãos sobre o rosto molhado deixando transparecer um sorriso, acariciou a cabecinha molhada do nenê e chorando abraçou o doutor: - Deus te pague! Nossa senhora proteja o senhor! - Amém, respondeu. – Fica tranqüila que ta tudo bem.. semana que vem o guri vai estar brincando de novo. E saiu sem esconder a emoção sob os olhares curiosos de todos.
Foi até outra sala onde o colega pediatra atendia e pediu que acompanhasse o caso, alertando-o para a possibilidade de isolamento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário