Família Completa

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Familia em 27 de dezembro de 2009

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segunda-feira, 5 de abril de 2010

O CONDENADO

O CONDENADO

Avenor A. Montandon


Assistimos com misto de curiosidade e perplexidade, o episódio do “bandido de Itaipu”.
Pela imprensa pudemos acompanhar (com ampla cobertura, inclusive fotográfica), a captura e execução do miserável.
Quem seria o saqueador que mobilizou um aparato policial fantástico de quase uma centena de homens, armas, helicópteros durante meses?
Sem saber quem, poderíamos deduzir pela guerra deflagrada, que seria uma ameaça impressionante à integridade de pessoas e seus bens. Um “Rambo” tupiniquim, com um poder de destruição, pelo menos, compatível com o aparato policial e os recursos mobilizados à sua caça. Procurei localizar em todas as informações das reportagens, alguma coisa que justificasse a sua eliminação sumária. Procurei dar razão aos seus executores que, segundo me consta, foram ostensivos à sua perseguição. Não encontrei nenhum fato que desse razão à sua condenação.
A mim como médico, pareceu-me tratar-se de um psicopata miserável e faminto; um homem reduzido à condição de um animal fugidio e medroso, em busca da condição mais primitiva de sobrevivência - a comida.
Esse “animal”, incrustado num mundo hermético e misterioso, não se comunicava. Nunca dele se ouviu nenhum som. Seria um surdo e mudo, vivendo no mais completo silêncio interior, sem a menor noção de limites e fronteiras entre o bem e o mal?
Seria um louco produzido “fora de série”, por uma sociedade que insiste na sua loucura conivente de injustiça social? Seria enfim, um pobre coitado que cansado de bater de porta em porta pedindo comida, resolveu, em desespero, colher o alimento que lhe foi negado por seus próprios meios?
As respostas não poderão ser dadas... Foram enterradas com aquele miserável faminto e sem nome numa cova rasa de um cemitério qualquer.

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