Família Completa

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Familia em 27 de dezembro de 2009

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segunda-feira, 5 de abril de 2010

MEUS MEDOS

MEUS MEDOS

Avenor A. Montandon

A coragem é uma das minhas virtudes. Ao longo de varias décadas de vida encarei muitos desafios e a todos enfrentei com uma coragem que muitas vezes me surpreendeu. Muitos que me conheceram fizeram referências a essa minha característica.
Não tenho medo de morrer. Acho que a morte é conseqüência da vida e certamente todos terminamos essa vida quando vamos ao seu encontro. No entanto não quero morrer cedo. Tenho que ver os meus netos crescerem, acompanhar a evolução dos meus filhos e fazer muita coisa que tenho vontade.
Um grande e amigo e colega, me conhecendo bem, costuma dizer que tenho coragem de mamar em onça parida! Também acho. Mas confesso que tenho alguns medos:
Tenho medo de ignorância! Com a ignorância é muito difícil de lidar e sem argumento acho estarrecedor ter que enfrentá-la.
Tenho medo da truculência. A truculência é irracional! O que é irracional não tem regras, nem ética e nem lógica! É como nas guerras!
E assim as armas que se pode dispor para enfrentar a truculência em cada situação são diferentes, e no inusitado podem ser desconhecidas.
Tenho medo da estupidez humana. A espécie humana tem uma natureza estúpida! As forças que movem a vontade humana são baseadas na vaidade, na ambição e no orgulho. A miséria do mundo é conseqüência disso. As desigualdades, o sofrimento coletivo ou não, a destruição dos bens e da paz é conseqüência disso...
Tenho medo de envelhecer perdendo funções que tiram a dignidade, embora saiba que isso é conseqüência desse processo. Deve ser terrível ter lucidez suficiente para perceber o declínio inexorável das suas funções físicas e fisiológicas. A dignidade do ser humano pressupõe a integridade do seu desempenho, da sua capacidade de caminhar, se expressar, cumprir seus objetivos de vida e realizar o que lhe é exigido pelo meio e pela sociedade. A velhice deveria acontecer sempre com a perda concomitante da lucidez e das funções orgânicas. Ter a vontade e não ter a correspondente função para exercer a tarefa, é inadmissível para a dignidade humana. A impotência é um sofrimento atroz. Por isso pessoas com limitações e dotados de grande vontade se desdobram e se adaptam à execução de atividades que poderiam parecer impossíveis de serem realizadas. Eu tenho muito medo da incapacidade!
Tenho medo da intolerância. Ela anda paralelamente com o rancor e a ignorância! A intolerância gera os conflitos que, por sua vez produz os confrontos. O confronto quase sempre é mau e promove a destruição. Detesto a destruição!
Tenho medo da inveja. A inveja é uma força sombria, que mobiliza uma energia negativa e maléfica, que se volta contra quem a motivou. A inveja é própria dos incompetentes, de pessoas más, contidas na sua insignificância. Contra ela pouco podemos fazer e por isso eu a temo.
Tenho medo da injustiça. A injustiça me traz incontida indignação. Ela corroi o âmago do injustiçado, gera a revolta e o ódio. O ódio é o aliado mais forte da maldade que por sua vez gera a vingança e mata todo sentimento de perdão.
Tenho muito medo de perder a liberdade. O cerceamento da vontade e de dar vazão aos impulsos acarreta a frustração que deixa seqüelas profundas. Disso pode advir a amargura, as doenças psicossomáticas o ódio e a terrível depressão. Temos a determinação da liberdade. Sem ela viramos monstros. A liberdade a que me refiro não é tão somente a perda da capacidade de ir e vir como também, e principalmente, o impedimento de produzir e realizar nossas vontades.

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